sexta-feira, 3 de outubro de 2014 | By: Albicastelhano

Castelo de Castelo Branco Achados fortuitos nas colecções do Museu Francisco Tavares Proença Júnior ||

No castelo foi igualmente recolhido um conjunto de peças metálicas subrectangulares
(inv. 10.2159-10.2163), para as quais se desconhece a função. Numa
das faces exibem decoração em relevo, constituída por cordões entrelaçados,
semelhante à apresentada em placa apotropaica de cronologia islâmica existente em
Albufeira. As restantes faces são lisas.
Foram também colectados dois anéis em bronze, um deles mostra pedra de vidro
azul-escuro muito desgastada, decorada em relevo, com representação de equídeo.
Ambos poderão datar do Baixo Império. Existem peças semelhantes na colecção
Bustorff Silva do Museu Nacional de Arqueologia.
Está publicado por Maria Helena Simões, fragmento de vidro transparente incolor,
decorado com fios relevados incolores, que correspoderá a taça romana (inv. 10.724),
de forma indeterminada, cuja cronologia será entre o século I e o século V d.C. Foi
recuperado também um fragmento de galheta unida, à façon de Venise, em vidro
transparente incolor, que constitui parte inferior dos depósitos e o arranque do pé
(inv. 10.726). Trata-se de forma roduzida na fábrica de Coina na 1ª metade do século
XVIII, sendo em meados daquela centúria, igualmente produzida na Marinha
Grande.



Ainda dos materiais integrados no museu em 1910 fazem parte uma asa de lucerna
(10.725), uma epígrafe romana (inv. 10.11), que se encontra publicada (Garcia,
1984) e actualmente na exposição de arqueologia patente no museu e uma escultura
em mármore (10.58). Esta última, não se encontra terminada e poderá ser imagem
religiosa proveniente da Igreja de Santa Maria do Castelo ou da Capela de São Brás,
nas suas proximidades, mas no exterior do castelo.
No espólio colectado na Rua do Arresário inclui-se um bico de candil (inv. 77.759),
cuja forma larga e curta de cronologia tardia, idêntico a outros de Silves, datados de
meados do século XII.
Nas peças doadas ao museu, em datas diversas, consta um capitel em granito
cinzento (inv. 77.221), com decoração vegetalista e do mesmo material um tramo de
uma aduela de porta (inv. 77.219), que apresenta motivo antropomórfico na zona do
arranque da curvatura da peça, associado a outro de carácter geométrico que
acompanha aquela curvatura.


Existe um outro fragmento de bordo de taça em terra sigillata hispânica (inv.
86.344), que corresponderá à forma Drag. 37, datável entre a 2.ª metade do século I
d.C. e o início do século IV d.C.
Nas reservas do museu está presente uma cruz de caravaca, em bronze (inv. 38.3).
Esta forma de cruz é frequente em contextos hispânicos durante o século XVII,
apresentando nos exemplares mais tardios, alguns dos inícios do século XVIII,
pequenos espaços internos usados como relicários, como sucede neste exemplar.
Apresenta decoração profusa, onde se destaca Cristo na cruz, N.ª Srª da Conceição,
um Bispo e outras figuras humanas associadas aos símbolos da Paixão.

Bibliografia
BOAVIDA, C. (2012) – Castelo de Castelo Branco (1979-1984 e 2000): síntese dos trabalhos
arqueológicos desenvolvidos e principais conclusões. RPA 15. Lisboa: DGPC (pp. 195-218)
GARCIA, José Manuel (1984) – Epigrafia lusitano-romana do Museu Tavares Proença Júnior. Castelo
Branco: MC / IPPC / MFTPJ

PONTE, M. S. (1986) – Nove fíbulas de Castelo Branco. Trebarvna 2; Castelo Branco: Centro de
Estudos Epigráficos da Beira (pp. 29-38)
RIBEIRO, J. H. (1987) – Cerâmica medieval nas escavaçãoes da zona do castelo de Castelo Branco
(Portugal). Actas do II Colóquio Internacional de Cerámica Medieval en el Mediterraneo Ocidental
(pp. 277-281)

RIBEIRO, João Henriques (2010) – Escavações no castelo de Castelo Branco: resultados. Actas do
Congresso Internacional de Arqueologia: Cem Anos de Investigação Arqueológica no Interior Centro.
s.l. (pp. 299-307)

SIMÕES, M. H. (1986) – Vidros romanos do Museu de Castelo Branco. Conímbriga 25; Instituto de
Arqueologia/FLUC (pp. 143-152)