Diversos especialistas abordaram inúmeros temas de interesse sobre a arqueologia regional e nacional. O Congresso Internacional que decorreu no Museu Francisco Tavares Proença Júnior cumpriu a profecia do próprio, que disse que um dia os sábios deste país se juntariam na cidade albicastrense.
Os ‘sábios do país’, e não só, reuniram-se na cidade albicastrense, para debater os "Cem anos de investigação arqueológica no Interior Centro". Um congresso internacional que decorreu entre 17 e 19 de Abril.
Esta foi mais uma iniciativa conjunta do Museu e da Sociedade dos Amigos, no âmbito das comemorações do centenário da instituição, que decorrem até 2010. Um vasto painel de especialistas em arqueologia juntou-se e reflectiu, entre outros temas, sobre a importância de Tavares Proença Júnior no desenvolvimento da arqueologia da região e do país. Na mira destes arqueólogos esteve, ainda, o perspectivar o futuro da investigação arqueológica regional.
Um dos temas em apresentação, ao longo destes dois dias, foi o de João Ribeiro, da Sociedade dos Amigos, que destacou “As escavações arqueológicas do castelo de Castelo Branco – resultados”.
Ao fim de quase trinta anos, são mostradas em público, finalmente, algumas das consequências dessas escavações que surgiram depois de um aluimento de terras, em 1979, no castelo, mesmo ao lado da Igreja de Santa Maria. “Um aluimento provocado pela muita chuva que deixou a claro e à disposição da população uma série de materiais passíveis de estudo”, referiu o professor. Isto porque depressa correu a lenda de que ali estaria enterrada uma coroa de ouro.
João Ribeiro falou nos ‘numismas’ (moedas) que foram aparecendo, envoltos em tecido aderente, nas ‘mealhas’ (meia moeda), nas diversas fivelas, entre outros objectos. O investigador referiu que as moedas envoltas nesse tecido eram colocadas, na altura, e na sua grande maioria, nos bolsos. “Um dos corpos apresentou oito moedas juntas”, disse.
Por outro lado quanto às sepulturas encontradas, foi possível verificar e os diapositivos mostraram isso mesmo, que os corpos eram colocados numa posição especial, com as mãos à frente e os pés cruzados. João Ribeiro esclarece que ao longo de todas as escavações foram encontrados muitos pregos, o que deixa antever que “o enterramento não era só feito na terra, mas sim com caixões. A comprovar esta teoria surge ainda a questão de terem sido descobertas algumas chaves e ornamentações dos caixões.
O célebre quadrado 118, local onde ocorreu o aluimento, foi o que ficou mais célebre em todas estas escavações, uma vez que chegou a atingir uma profundidade superior a 17 metros. E sobre as ‘grainhas’ encontradas neste local, que inicialmente se pensava serem de trigo, depois dos estudos revelaram serem de uva.
No entanto, e como destaca João Ribeiro as diversas estelas funerárias que foram detectadas no local ainda não foram objecto de estudo.
Os materiais recolhidos ao longo das escavações eram datados entre o séc. XIV e XVI. No entanto, foi também descoberta uma moeda de prata do Rei D. Manuel. Medalhas, crucifixos, alfinetes… uma série de pequenos objectos fazem parte deste espólio.
João Ribeiro explica que o aluimento das terras se deu devido à existência de uma lápide bastante grande que com a trepidação e a chuva acabou por ceder e cair parte dela, que deixou a descoberto o fosso.
Revelações que se aguardavam, mas que podem ser, ainda, mais esmiuçadas. Porque material e informação não faltarão a João Ribeiro.
Alguém me sabe dizer os resultados das escavações arqueológicas do castelo de Castelo Branco?
Fonte do Texto: Reconquista edição de 24-04-2008